8 de ago. de 2012

Reflexos de Uma Batida



Ontem eu bati o carro. Se você já passou por isso sabe que a sensação não é nada agradável, sem contar os resultados e consequências (especialmente financeiras). Não foi sério, mas tive que acionar a seguradora, levar o carro até uma oficina para ser avaliado, e passar por todo aquele processo. Enquanto estava dirigindo com a parte esquerda dianteira bastante amassada até a oficina, comecei a me perguntar o que as pessoas estariam pensando ao ver meu carro daquela forma. Engraçado como a gente funciona, né? Teoricamente ninguém tem nada a ver com aquilo, e muito provavelmente ninguém sequer se importou, mas eu estava imaginando como a minha reputação como motorista estaria sendo julgada naquela hora. “Eles devem estar se perguntando como foi o acidente, ou imaginando se a culpa foi minha... Devem no mínimo achar que sou uma má motorista...” E por aí foi.

Então começou a surgir um claro paralelo na minha cabeça. De nada adiantaria eu ficar em casa com o carro batido. É verdade, ninguém veria o carro, e não teriam como julgar minhas habilidades no volante, hehe. Mas o carro continuaria quebrado na garagem. Pra poder consertá-lo, eu tinha que “desfilá-lo” pela zona norte, batido ou não, pessoas olhando ou não. Pegaram a conexão?

Funcionamos da mesma forma. Às vezes “batemos o carro” da nossa vida. Pode ser alguém batendo em nós e nos machucando, ou então pode ser (como muitas vezes é) nossa própria culpa – por falta de atenção ou erros e lutas nossas acabamos batendo, nos machucando e às vezes machucando outros no processo. Seja como for, acabamos amassados. Mas, diferente de como tratamos carros, preferimos voltar pra garagem e fazer de conta que nunca aconteceu. E pior - como no nosso caso o ferimento é interno, podemos disfarçar e passear pela cidade sem mostrar que logo abaixo da pele estamos quebrados, nos sentimos condenados.

É preciso trazer à tona o que está estragado. Sim, as pessoas vão ver. Mas não é como se fosse mentira, é? Ou como se elas não soubessem... Se estamos quebrados (e, sinto dizer, estamos, eu e você), precisamos de conserto. Precisamos enfrentar o temor a homens e lidar com o que importa. Precisamos aprender a pedir ajuda (ou por acaso você sabe desamassar um capô?), lembrando que estamos todos no mesmo barco – todos já batemos várias vezes! Mais do que tudo, precisamos do Mecânico, nosso Pai, que certamente tem a capacidade de consertar qualquer batida e restaurar qualquer amassado.

O desafio fica. É feio passear pela cidade com o carro amassado. Mas pior ainda seria jamais levá-lo pra oficina, ou deixá-lo assim na garagem.


Tomando a liberdade de adaptar uma pequena parte (que acredito que se estenda a todos nós):

“Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar [outros cristãos], para que estes orem sobre ele o unjam com óleo, em nome do Senhor. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz”.
 - Tg 5:14,16


Da aprendiz de motorista e autora convidada,

Rebeca



Rebeca Lima é estudante de Letras e tradutora de meio período. Na outra metade do tempo adora encontrar com pessoas, ouvir música ou viajar. E na outra metade gosta de escrever (fruto de um meio curso de jornalismo). E na outra, ama se envolver em ministérios e ver e viver um pouco do que Deus tem feito por aí. Obviamente não sabe nada de matemática.